sábado, julho 29, 2006

Espelho

-Olha-me nos olhos… o que vês?
- Vejo céus que se continuam com a terra, o verde que toca o azul...
- Que mais?
- Vejo que eles procuram um outro céu, anseiam outra terra. São como dois pássaros presos, que só esperam o dia de voltar ao espaço absoluto…
- Esperam?
- …E sabem que esse dia vai chegar, mas estão cansados do cativeiro, não pertencem aí... Vejo saudades de regressar a casa, uma vontade infinita!
- Vês tudo isso nos meus olhos?

- Não… vejo tudo isso na tua alma

domingo, julho 23, 2006

Esmagamento

Procurávamos um sítio para tomar banho, uma qualquer clareira apetecível em tempo quente. À última da hora, planos feitos em cima do joelho, lembrámo-nos das Fisgas, perdidas no meio do Alvão.
"Siga para as cascatas!" Bebidas e comida espalhadas no banco de trás, e fomos de viagem...
O que é certo é que nem molhámos os pés. Não chegámos perto da água. Não nadámos, nem sequer apanhámos banhos de Sol...
Mas aquela paisagem...
De um lado as cascatas, a martelar na paisagem granítica até lá abaixo... e do outro, o esmagamento.
Uma paisagem toda ela ar e pedra, a sufocar enquanto liberta. E o Sol quase a por-se... e o vento a fazer festas no cabelo. Andava uma águia lá em cima, de certezinha...
Não sentia o mesmo desde que me tinha perdido pelas aldeiazinhas da Régua, já lá vão tantos anos...
Estivemos lá quanto tempo? Não sei... mas foi o tempo de um silêncio em paz, de conversas banais que faziam todo o sentido ali, sentados nas rochas a que tinhamos trepado.
Foi uma tarde que me marcou. Não pelo que dissemos, mas por estar num sítio onde me sentia ao mesmo tempo livre e dominada pelos elementos, capaz de tudo e ao mesmo tempo tão frágil, tão eu...
Regresso a casa já de noite, a serpentear pela estradinha de alcatrão. Terras pequenas, encaixadas na montanha, onde apetece voltar, ficar, perder-me...
É bom ter-te ao meu lado, e sentir-me igual, compreendida. A amizade não tem preço, mas a tua vale milhões... fica a vontade de regressar!
Tempo de férias dá nisto!

domingo, julho 16, 2006

Mar

Hoje estive na praia... Já sem o calor das horas proibidas, o sol ia lambendo a areia, enquanto as ondas rebentavam na praia, cheias do sargaço de Carreço. Estava-se bem, até mesmo a minha "Bikini-fobia" estava controlada, e apetecia ir tostando ali, ao lado das rochas.
Estive bem, esta tarde... e o mais apetecível era aquele chamamento do mar, aquele marulhar baixinho e luminoso. Apetecia adormecer no mar, depois das ondas frias me baterem nas pernas e da água me picar os olhos e deixar um gosto a sal na língua.
Voltei a casa com novas coragens, o tipo de resoluções que se tomam no Ano Novo, mas abençoadas pela água fria da praia...



(tinha saudades de postar qualquer coisa... e as coisas banais também são parte da vida... pelo menos da minha.)