quinta-feira, julho 10, 2008

São Leonardo da Galafura


À proa dum navio de penedos,

A navegar num doce mar de mosto,

Capitão no seu posto

De comando,

S. Leonardo vai sulcando

As ondasDa eternidade,

Sem pressa de chegar ao seu destino.

Ancorado e feliz no cais humano,

É num antecipado desengano

Que ruma em direcção ao cais divino.


Lá não terá socalcos

Nem vinhedos

Na menina dos olhos deslumbrados;

Doiros desaguados

Serão charcos de luz

Envelhecida;

Rasos, todos os montes

Deixarão prolongar os horizontes

Até onde se extinga a cor da vida.


Por isso, é devagar que se aproxima

Da bem-aventurança.

É lentamente que o rabelo avança

Debaixo dos seus pés de marinheiro.

E cada hora a mais que gasta no caminho

É um sorvo a mais de cheiro

A terra e a rosmaninho!


Miguel Torga



Estivemos la ontem... E caramba, que aquele sitio e de uma beleza extraordinaria... Espero voltar, ainda este mes, com amigos "estrangeiros"... Guardo as imagens, e a pena daquela ave enormissima que nos sobrevoava, e que me fez sentir ainda mais pequenina... nao bastasse ja a imensidao do Douro e das montanhas sulcadas a suor e sangue duriense.
Sim, Torga, tinhas razao...