domingo, julho 05, 2009

partir.voltar.deixar

escolhe, escolhe, deita fora, guarda, valerá a pena?, afinal leva-a consigo, arruma, calcula, faz e desfaz mentalmente as malas, afinal não sabe quando sairá daqui. A rapariga dá por si a querer levar tudo com ela. Abre a janela, que calor faz aqui em Julho. Continua a escolher, agora papéis, pequenos bilhetes, mapas, postais, a recordação de uma noite, de uma pessoa, de uma viagem. É demasiado cedo para isto, embora pareça já demasiado tarde. Quantos dias lhe faltam? Quatro, cinco? Como pode cumprir tudo o que lhe falta em tão pouco tempo? Desiste, amanhã pensará melhor no que levar consigo ou não. O quarto está tão cheio de tudo, as memórias afinal ocupam um espaço físico. Se se envolver nelas nestes dias que restam, será suficiente? Quem lhe dera levar tudo agarrado a si. Agora chove, o Verão aqui parece ainda mais imprevísivel que a Primavera. A saudade quase física de casa começa a misturar-se com a saudade antecipada deste sítio. Cheio de truques, de pequenos traços distintivos. Que sítio este. Que sítio, este? Será que a rapariga descobriu? Ou nem mais dez anos chegariam para isso? De qualquer maneira, há que partir. E as malas continuam por fazer... até amanhã..