quarta-feira, novembro 10, 2010

terça-feira, novembro 02, 2010

Original Soundtrack

Há canções que fazem parte da nossa vida. Há canções que tornamos nossas, e se mantêm sempre assim, como traço identificativo, que ajudam os outros a perceber quem somos. Definem-nos, são espelho de nós (ou nós tornamo-nos espelho delas).
Mas há outras que marcam especificamente momentos, ruído de fundo das nossas conversas, que surgem e eventualmente morrem. São datadas, e vão sempre lembrar-nos um Verão em particular, um fim de tarde, aquele sorriso. Uma pessoa. Um lugar. Um pedaço de nós que já abandonámos. E surge sempre um momento em que temos de abrir mão delas. Deixá-las ir, porque se perdeu o que significavam. Ou porque elas trazem de volta ecos estranhos desse passado.

Abro mão de muitas canções que me são dolorosas. Apago-as, mudo de estação, trauteio qualquer outra coisa se elas são música de elevador. Estranho como elas se tornam quase físicas, como me comprimem o peito e me trazem à memória coisas esquecidas. Mato canções sempre que mato pessoas, lugares, detalhes de vida que preciso pôr de lado.
Meço-me muitas vezes por elas. Porque chega sempre o dia em que as volto a escutar, e em que me pacifico com o passado que elas trazem agarrado. Porque já passou, já se diluiu na memória, e ocupa agora o lugar devido. Como um barómetro de mim.

Por isso sei que estou bem, agora. Porque volto a percorrer ruas acompanhada por canções, novas porque definem novos lugares, novas porque as descobri agora e marcam estas pessoas, e o que elas me significam, são parte de um novo modo de ver e muitas vezes de um novo modo de estar.
Porque são parte da minha personalidade. E, na banda sonora da minha vida, sou assim. Um pouco dramática, mas sempre grandiosa!