Sinto que lá fora, na noite, já faz frio. E arrepio-me pelo prazer esperado do contacto com o relento.
Saio à varanda. A cidade dorme, como se espera, a esta hora. Só um ou outro carro desce a avenida, e corta o silêncio murmurante. Há pontos luminosos que desenham os contornos da cidade, como um quadro de Seurat, vivo, nocturno, a exibir-se a meus olhos.
O ar frio sabe-me bem na pele, arrefece-me o sangue. Depois da lassidão do tempo quente, sabe bem este despertar violento para a vida, a minha, em banho-maria há meses. Há sensações e pensamentos difusos a tomar forma, a ganhar contornos mais definidos.
Sorrio. A minha vida tem os contornos desta cidade… mas os meus pontinhos brilham mais timidamente.
Ajeito a camisola contra o pescoço, tudo o que nos acorda também consegue ser desconfortável. Mas estou bem aqui, sinto-me lúcida… e viva!
Ajeito a camisola contra o pescoço, tudo o que nos acorda também consegue ser desconfortável. Mas estou bem aqui, sinto-me lúcida… e viva!
Não sei o que resulta de momentos assim, de introspecção a frio. Nunca há nada definitivo nas minhas decisões, há apenas a sensação de que afinal sei quem sou, e sei que sou capaz de enfrentar o Mundo… erguendo alto as minhas convicções e até as minhas incertezas, como parte integrante e orgulhosa de mim!
Sim, eu sei quem sou…
9 comentários:
esta tua imagem faz-me lembrar a imagem do meu penultimo post... pareces serena, mas envolta num turbilhão de verbo/acção! beijo
É nestes dias em que o vento frio bate nas nossas faces, que uma pessoa se sente viva, pronta para desafiar todos os desafios...
Oh, doce nandita, pudesse eu descrever o que vejo agora, com a veemência, com a certeza, com que dizes o que sentes… cada novo texto teu, é uma introspecção minha que obrigas, uma vida que incentivas, um olhar diferente sobre o dia que corre sem correr…
És escritora, sabes? És mesmo. Tens em ti o que todos procuram por este mundo digital. És alta.
Um beijo,
Ainda mais sujeito a ti, senhora da palavra.
PS – sim, sabes, pois.
A maneira como consegues traduzir momentos na forma de palavras é uma coisa muito especial. Transportaste-me para essa mesma varanda, e vi nitidamente esses mesmos pontos... Bjs (Floribella)
Como sabes que és?
E como tens a certeza de o saber?
...
A foto está bem tirada, vemos o olhar da penumbra.
Quem somos e o que somos, a eterna questao...! ohh vida, ohhh emoção.
Poderás saber o que és e não quem és!;)
Adorei, como sempre, a escrita.
bela mesmo.
abraço dear escritora Nandita.
P.S. pela foto n sei onde possas realmente morar. lolol
(o inicio do comment anterior corrigo para "Como sabes queM és?" sorry o lapso) ;)
loool
eu nao sou a floribellaaaaaaa, fica por aqui a nossa discussao, senhor ghost :P
fontez, a foto nao e minha... alias, axo que a paisagem é brasileira... eu moro no meu belo terceiro andar lool
beijo, obrigada pela visita ;)
maravilha do frio aliado á chuva pôs-me neste estado de constipação que só eu sei...ai tristeza..
fora o aparte, sentir-nos vivos e ter momentos assim para nós sabe tão lindamente...
bj
Eu sei onde ela mora (estou aberto a subornos...) ;)
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