Sentada no meio do café barulhento, vou ouvindo sem escutar as histórias dos meus amigos, que me rodeiam.
Olhos fixos na televisão, sigo com um interesse incomum as séries, a novela, a publicidade, o que quer que seja que passe e me distraia.
Cá por dentro, o barulho do que penso confunde-se com os cânticos e os brindes já desencontrados dos vários grupos bem bebidos que estão no café. Estão a festejar, uns. A esquecer, outros. A tentar conter-me, eu.
Cerro os dentes, vou mordendo os lábios, tento controlar o afluxo súbito de lágrimas nos olhos, por mais uma tolice qualquer que me passou pela cabeça. Consigo. Ninguém deu por nada. Nem percebo o que tenho, de tão estúpida que me sinto.
A conversa segue, animada. Apanho uma anedota a meio, sorrio. Tem efectivamente piada, mas eu não estou lá, não consigo acompanhar as gargalhadas dos outros. Vou seguindo um pouco atrás, só.
O café enche ainda mais, perto da hora de fechar. É ponto de encontro para mais uma noite, ali ao lado. Um rapaz senta-se ao meu lado, mete conversa. Já o conheço de outras noites, mas hoje não consigo trocar mais do que duas palavras com ele. A conversa vazia sobre como fica triste se eu não sair com o pessoal acaba por me irritar, e vou-lhe respondendo em monossílabos e acenos de cabeça. Acabo por pedir desculpa, e levanto-me para pagar. Olho atentamente as garrafas, expostas, a ver se os olhos me secam de novo.
Só o funcionário de sempre me arranca um sorriso largo. “Então que vai ser, princesa?”, pago a despesa triste desta noite e saio.
Mais gente cá fora, estão todos tão alegres que me dou ao direito de os invejar. Espero pelos amigos que também vêm embora, acordo um bocadinho com o frio cortante que está. Noite estranha, para Março. Lágrimas estranhas, para uma noite que se queria alegre.
Sou a pior das companhias, numa noite assim. Vou caminhando em silêncio, tento concentrar-me no céu escuro, nas escarpas desenhadas a luz do rio Corgo. A ponte hoje é excepcionalmente comprida, feita de silêncio. Estou quase em casa, mordo ao de leve os lábios e vou olhando a ponta brilhante dos meus sapatos.
Despeço-me quase em silêncio e subo.
Estou sozinha. Posso chorar. Não vale a pena...
Olhos fixos na televisão, sigo com um interesse incomum as séries, a novela, a publicidade, o que quer que seja que passe e me distraia.
Cá por dentro, o barulho do que penso confunde-se com os cânticos e os brindes já desencontrados dos vários grupos bem bebidos que estão no café. Estão a festejar, uns. A esquecer, outros. A tentar conter-me, eu.
Cerro os dentes, vou mordendo os lábios, tento controlar o afluxo súbito de lágrimas nos olhos, por mais uma tolice qualquer que me passou pela cabeça. Consigo. Ninguém deu por nada. Nem percebo o que tenho, de tão estúpida que me sinto.
A conversa segue, animada. Apanho uma anedota a meio, sorrio. Tem efectivamente piada, mas eu não estou lá, não consigo acompanhar as gargalhadas dos outros. Vou seguindo um pouco atrás, só.
O café enche ainda mais, perto da hora de fechar. É ponto de encontro para mais uma noite, ali ao lado. Um rapaz senta-se ao meu lado, mete conversa. Já o conheço de outras noites, mas hoje não consigo trocar mais do que duas palavras com ele. A conversa vazia sobre como fica triste se eu não sair com o pessoal acaba por me irritar, e vou-lhe respondendo em monossílabos e acenos de cabeça. Acabo por pedir desculpa, e levanto-me para pagar. Olho atentamente as garrafas, expostas, a ver se os olhos me secam de novo.
Só o funcionário de sempre me arranca um sorriso largo. “Então que vai ser, princesa?”, pago a despesa triste desta noite e saio.
Mais gente cá fora, estão todos tão alegres que me dou ao direito de os invejar. Espero pelos amigos que também vêm embora, acordo um bocadinho com o frio cortante que está. Noite estranha, para Março. Lágrimas estranhas, para uma noite que se queria alegre.
Sou a pior das companhias, numa noite assim. Vou caminhando em silêncio, tento concentrar-me no céu escuro, nas escarpas desenhadas a luz do rio Corgo. A ponte hoje é excepcionalmente comprida, feita de silêncio. Estou quase em casa, mordo ao de leve os lábios e vou olhando a ponta brilhante dos meus sapatos.
Despeço-me quase em silêncio e subo.
Estou sozinha. Posso chorar. Não vale a pena...
8 comentários:
Por vezes sentimo-nos infelizes, sem que tenhamos razões validas para tal infelicidade, mas apenas porque nos faltam motivos para a felicidade...
Bjtos
Conheço bem essas noites e essa ponte de que falas...mal posso esperar para voltar. Conheço bem os sentimentos que referes vividos na minha pessoa, conheço bem tudo o que descreves e no fundo desconheço-me tanto. Conheço a infelicidade que expressas e conheço também o caminho para escapar dela...O facto de escreveres o que sentes é já um primeiro passo...
Fica bem
Perdoa-me a aparente falta de criatividade que qualquer um deveria ser capaz de simular, mas continuas brilhante, e “continuas a ter em ti a leveza de um poeta, amiga. Como te admiro…”
Um beijo para ti,
Com o gosto da terra.
PS - Vários grupos bem bebidos?! Agora sim, quero conhecer esse café! ;)
Nao sei o que se passa, espero que nada de grave. Mas de facto, essas noites conheço-as bem, bem melhor as conhecem as quatro paredes que me rodeiam diariamente.
Para as ultrapassar, nao sei como se faz, mas um dia vou-te dizer baixinho ao ouvido e essas noites vao acabar.
beijocas*
Fico triste por ver-te assim e mais ainda por n saber ajudar :( Só espero que a nandita k eu conheço volte depois da Páscoa :) Beijo
"...Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim."
Álvaro de Campos
isso é pioledo certo?
novo design tem o teu blog.
ta mais bonito e simples...
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