À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondasDa eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
Miguel Torga
Estivemos la ontem... E caramba, que aquele sitio e de uma beleza extraordinaria... Espero voltar, ainda este mes, com amigos "estrangeiros"... Guardo as imagens, e a pena daquela ave enormissima que nos sobrevoava, e que me fez sentir ainda mais pequenina... nao bastasse ja a imensidao do Douro e das montanhas sulcadas a suor e sangue duriense.
Sim, Torga, tinhas razao...
2 comentários:
Aqui a amiga estrangeira aprova o local! É lindo mesmo! :)
Dá vontade de viver lá :)
Pena não ter caixote do lixo. Beijo
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