Devolvo-te ao teu corpo num beijo. Desperto a tua alma por aquecer os teus lábios… Sopro-te no pescoço, acaricio a tua pele…
Mas perco-me na loucura do que sei impossível.
Levanto-te em braços na força do meu desespero.
Chamo-te, beijo-te, suplico.
Mas a gravidade cola-te ao chão, não te deixa abrir os olhos, esboçar sequer um sorriso. Porque não te mexes? Que é da tua voz, do teu passo? Para onde fugiste?
Colo-me ao que resta de ti, protejo-o como algo sagrado, imaterial, mas já não és mais que pó, vapor, sangue… frio, mudo, quieto.
Ergo olhos ao céu, a um Deus que não me existe. Peço-te a ele, a tua alma, que ma devolva. Com um beijo, um sopro, um toque… mais poderosos do que os meus. Sou só um Homem, não posso nada.

Mas não há resposta, e abraço-te enquanto te choro.