terça-feira, novembro 02, 2010

Original Soundtrack

Há canções que fazem parte da nossa vida. Há canções que tornamos nossas, e se mantêm sempre assim, como traço identificativo, que ajudam os outros a perceber quem somos. Definem-nos, são espelho de nós (ou nós tornamo-nos espelho delas).
Mas há outras que marcam especificamente momentos, ruído de fundo das nossas conversas, que surgem e eventualmente morrem. São datadas, e vão sempre lembrar-nos um Verão em particular, um fim de tarde, aquele sorriso. Uma pessoa. Um lugar. Um pedaço de nós que já abandonámos. E surge sempre um momento em que temos de abrir mão delas. Deixá-las ir, porque se perdeu o que significavam. Ou porque elas trazem de volta ecos estranhos desse passado.

Abro mão de muitas canções que me são dolorosas. Apago-as, mudo de estação, trauteio qualquer outra coisa se elas são música de elevador. Estranho como elas se tornam quase físicas, como me comprimem o peito e me trazem à memória coisas esquecidas. Mato canções sempre que mato pessoas, lugares, detalhes de vida que preciso pôr de lado.
Meço-me muitas vezes por elas. Porque chega sempre o dia em que as volto a escutar, e em que me pacifico com o passado que elas trazem agarrado. Porque já passou, já se diluiu na memória, e ocupa agora o lugar devido. Como um barómetro de mim.

Por isso sei que estou bem, agora. Porque volto a percorrer ruas acompanhada por canções, novas porque definem novos lugares, novas porque as descobri agora e marcam estas pessoas, e o que elas me significam, são parte de um novo modo de ver e muitas vezes de um novo modo de estar.
Porque são parte da minha personalidade. E, na banda sonora da minha vida, sou assim. Um pouco dramática, mas sempre grandiosa!



Sem comentários: