quarta-feira, março 19, 2008

...aos dias indefinidos...

Brindemos aos dias indefinidos... Aqueles que nos levam o tempo quase sem contar. Que nos sobressaltam pelas voltas rápidas e pelas noites curtas, no repetir das coisas comuns.
Lembro-me agora com prazer destes dias. Quis tanto ver-me livre deles, e agora só queria correr atrás, reward, stop, play it again... porque é aqui que nos concentramos no moer dos dias, que vemos a beleza de tudo isto, tão simples, sempre igual, sempre tão... único!
Anseio pelo vosso regresso, dias indefinidos. Choro-vos sentada ao pé da vidraça, um livro aberto no regaço, talvez o gato adormecido aos pés... e a pesada culpa de este não ser um dia comum, e haver obrigações extraordinárias a cumprir...
Voltem. Deixem-me parar de pensar. Porque quanto maior é a velocidade do meu autómato de todos os dias, menos terei de reflectir. E eu não quero mais pensar... Desculpem, mas não quero.

5 comentários:

Catarina disse...

Tens razão nandita! pensar não paga...

Também gostava de ver menos, de escutar menos, de pensar menos, de deixar de ver além das aparencias, de falar menos, mas acontece que quando descobrimos que podemos ver além das aparencias nunca mais voltamos a ter a mesma visão das coisas, das pessoas... e não conseguimos parar o olhar na superficie...

Bjto!

Anónimo disse...

Tenho uma ideia sobre esta tua reflecção. Não sei se vais gostar... talvez te conforte saber que também não me agrada parte disto que penso.
Eu penso que os grandes vilões da Humanidade (que seja Hitler um mero deles) espalharam terror, desepero e morte a sonhar que conseguiriam obter um império passado por estes "dias indefinidos" e, talvez em alguns desses dias a suprimir o mundo, se tenham sentido felizes por pensarem que estavam a viver por um desses dias. Mas eles falharam. Eles pensaram e fracassaram a procurar esses dias. Queriam a sua monotonia e a beleza a seu gosto, mas só puderam ver os confrontos e dificuldades para atingirem essa sua vontade depois de terem sonhado com ela. Falharam.
Eu acho que ainda não estou em condições de falhar. Simplesmente vejo isto tudo ao contrário de ti (e deles). Anseio pela luta e não temo a tristeza futura e certa. Quero servir de marioneta à sociedade e ficar preso no emaranhado de questões e utopias que o mundo oferece. Mas o que eu não quero (pelo menos, por agora) é pensar nos "dias indefinidos". Quero apenas estar tranquilo a saber que estes dias existem e que terei de, dolorosamente ou nem tanto, passar por outros dias diferentes ou não tão simples, para dar valor ao descanso que me chegará naqueles que tu anseias que te regressem.
Quero apenas, ao ver o Sol nascer nos dias que fazem pensar, estar feliz a pensar que estás bem.


Tirando isto tudo atrás dito ou escrito...

Tu até que sabes pôr umas ideias pelo teclado!
Espero pelas próximas :P

Nandita disse...

"Quero servir de marioneta à sociedade e ficar preso no emaranhado de questões e utopias que o mundo oferece."

são esses os dias indefinidos, querido afilhado... os que correm, bem ou mal, em que te ocupas do habitual da tua vida.
no nosso caso, os dias das frequencias, da correria utad-casa, sentar e estudar, rever a matéria já velha conhecida... Tornar-me o que quero ser inclui muitos desses dias. Eu não baixo os braços, mas sei que preciso de os acalmar e tirar tempo para os livros.

E desabafos são desabafos... coisas pequenas de cada dia. Quando dás por ela, as causas deles já nem lá estão...

Fica bem

Carla Ribeiro disse...

Olá, Fernanda...
Vá-se lá saber porquê, mas os teus desabafos fazem-me pensar, mesmo não querendo pensar... Mas, enfim... enquanto penso nas tuas palavras, vejo-me longe dos meus comuns pensamentos... Será mau? Não creio...

Cuida de ti, miúda...
Beijinho
Carla

Anónimo disse...

Lindo. Texto simplesmente lindo.
Puxa-os devagarinho, deixa a porta aberta que eles vão entrando...
Também não quero pensar, eramos mais felizes como loucos.
Beijo,
Sara.